Quando falamos de escalabilidade e tracionamento para startups em early stage, é impossível deixar de falar da importância da cap table nesses cenários. Se você quer entender o que é, para que serve e como gerenciar uma cap table no seu negócio, vem com a gente.
Como o termo em inglês sugere, "cap table" é uma planilha ou tabela de capitalização da empresa em que ficam descritos os acionistas, investidores e participação de cada um nessa sociedade.
A cap table serve para manter um controle do status de cada investidor da empresa, além de permitir uma melhor gestão da porcentagem de ações distribuídas entre os acionistas. Esse formato de organização evita possíveis desacordos e garante aos fundadores uma análise mais clara das porcentagem disponíveis para futuros investimentos.
Vale reforçar que a cap table vai muito além do que ser só sobre organização de ações, ela é também fundamental para atrair novos investimentos, pois esse documento garante transparência e aumenta a confiança na startup. Ao analisar novos negócios para aportar, a cap table é o documento chave que será analisado pelos investidores e, para startups em fase inicial, aceleradoras.
Não existe uma regra sobre a porcentagem que os founders precisam possuir, mas para as primeiras rodadas é interessante que tenham pelo menos 80% a 90% das ações, o que dá margem para diluição em futuros aportes.
O modelo de negócio de startups por si só já pressupõe rodadas frequentes de financiamento e injeção externa de capital a fim de buscar crescimento acelerado. Já deu pra entender que, ao longo do tempo e dos múltiplos aportes, esse documento vai se tornando cada vez mais complexo.
Ter uma cap table é fundamental para manter o controle dos títulos de cada investidor e garantir que todos recebam conforme combinado. Além disso, conforme os novos aportes chegam, as cap tables passam também a listar fusões, aquisições, ofertas públicas e outros detalhes relacionados à diluição das ações.
Sob a perspectiva dos investidores, as cap tables são importantes para analisar riscos, entender possibilidades de ganhos e participações e acompanhar mudanças importantes na estrutura da startup, como novas diluições, novos títulos e até mesmo ações para funcionários.
Não é segredo que startups em early stage geralmente possuem caixa limitado, e portanto, reter talentos pode ser desafiador. Nesse cenário, uma opção bastante comum são os ESOP (Employee Share Options Plans), ou ações para funcionários. Dessa forma a startup beneficia o funcionário com parte das ações da empresa. Esse também é um formato de diluição de sociedade que precisa constar na cap table.
Outro ponto extremamente relevante da cap table é o quanto esse documento ajuda na avaliação de decisões estratégicas. Por exemplo, é através da cap table que os acionistas podem avaliar se faz sentido a entrada de um novo investidor e como as ações ficariam distribuídas após a entrada desse capital.
O processo de gerenciamento de uma cap table requer alguns cuidados para garantir que esse acompanhamento seja realizado da melhor forma e sem futuras dores de cabeça para os acionistas.
Levantar investimento para fazer a startup começar a rodar é desafiador, e não é incomum que os primeiros aportes sejam feitos pelos próprios fundadores, amigos ou familiares. Esse não é o cenário ideal, pois pode acabar fazendo com que ações valiosas da empresa fiquem reservadas para o que chamamos de "investidores ociosos".
Montar a cap table logo no começo da operação ajuda a dar visibilidade sobre a divisão da sociedade e garante uma melhor organização desde o início.
Manter os dados da cap table constantemente atualizados deve ser parte da rotina a cada nova rodada de investimento ou entrada de um novo sócio. Com muitas atividades para realizar no dia a dia da operação de uma startup em early stage, é fácil acabar deixando passar essas informações.
O grande problema aqui é que este é o documento que garante transparência e contribui na governança da empresa, ou seja, essa fonte de verdade precisa conter as informações mais precisas possíveis a qualquer momento.
Então agora você já sabe que quando for buscar um novo aporte, atualizar a cap table tem que entrar na lista de to-dos.
Montar uma cap table não é engenharia de foguete, e para as primeiras modificações de investidores, esse acompanhamento é relativamente fácil de fazer. Contudo, se essa é a primeira vez que você está trabalhando com uma cap table ou com mais de um investidor aportando na sua startup, é recomendado contar com a ajuda de especialistas para manter o controle da sua cap table.
Lembre que cada novo investidor vai trazer consigo termos específicos para cada aporte, ou seja, gerenciar essas particularidades vai tornando o processo cada vez mais complexo. A fim de facilitar seu dia a dia e a manutenção deste documento, vale buscar ajuda da sua equipe de advogados ou contadores.
Para além do uso dos investidores, use a cap table como um indicador de acompanhamento do modelo de diluição da sua empresa. Analise se as métricas previamente definidas estão sendo cumpridas e se a divisão é satisfatória para o andamento e tracionamento da sua startup.
E lembre-se, ter uma cap table é entendido pelo mercado como uma bandeira verde de confiança e transparência do seu negócio. Com as dicas que trouxemos aqui, sua startup se manterá pronta para buscar aportes e no caminho certo para garantir a saúde financeira da empresa.